DRA. VERÔNICA CHOMISKI

Em primeiro lugar, eu nunca pensei que Medicina fosse a minha vocação!

 

Escolhi fazer Farmácia como primeira faculdade por grande influência do meu avô. Ele era especialista em plantas medicinais “pela vida”, fazia garrafadas e chás milagrosos para os mais diversos problemas de saúde. Ele era um homem simples, comerciante no interior do Paraná, onde também tinha um sítio. Era lá que ele plantava parte dos seus alimentos e suas plantas medicinais. Ele era um grande contador de histórias, sendo que uma das minhas preferidas eram as histórias indígenas com a figura do pajé, o curandeiro dos índios. 

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Depois, durante minha adolescência, costumava frequentar a biblioteca municipal de Garça-SP, minha cidade natal, para emprestar livros diversos e, dentre eles, livros sobre as propriedades dos alimentos e plantas medicinais. Assim, eu fui moldando todo o meu conhecimento sobre as histórias que eu gostava de ouvir do meu avô. Já na faculdade de Farmácia, tive uma matéria no primeiro ano chamada Farmacognosia, a qual estuda as propriedades dos vegetais. Não preciso nem dizer que eu era a melhor aluna, né?! Terminando Farmácia, em Araraquara, mudei-me para São Paulo, onde fiz o meu estágio final em uma indústria farmacêutica. 

 

O meu primeiro emprego como farmacêutica foi em uma importadora de matérias-primas cosméticas. Era um outro mundo, foi um choque de realidade para mim, pois na faculdade eu tive uma matéria chamada Cosmetologia, mas o conteúdo era muito básico perto do que eu precisaria saber para trabalhar na área. A minha “sorte” foi ter feito estágio em farmácia de manipulação durante a faculdade, o que me ajudou um pouco na bagagem de conhecimentos para conseguir o primeiro emprego. 

 

Tinha em mente que eu precisava fazer uma pós-graduação em Cosmetologia o mais rápido possível para desempenhar melhor o meu trabalho. Então, um ano depois eu estava lá, no curso que sempre desejei. Tive o mérito de conseguir passar em primeiro lugar na prova e, assim, o cargo de monitora e 100% de bolsa (Amém!).

 

No meu trabalho, uma das principais atividades era traduzir, do inglês para o português, as literaturas dos novos ingredientes (ativos) dermocosméticos que a empresa iria comercializar naquele ano, além de revisar parte dos ativos anteriores. Foi um período de muito aprendizado, todos os dias eu estudava pelo menos uns 3 ativos! Lia, relia, traduzia, reescrevia as literaturas, comparava com outros ativos, enfim, me tornei uma enciclopédia ambulante. Conhecia a fundo sobre os mais diversos ativos dermocosméticos que entravam no Brasil, falava sobre as tendências mundiais e nacionais, definia como seriam as estratégias de marketing junto à minha chefe (que, inclusive, era uma grande líder). Outra importante função neste trabalho era visitar clientes de indústrias e farmácias de manipulação para desenvolver novos produtos, além de visitar os médicos prescritores para levar as atualizações.

 

Eu acreditava tanto no poder desses ativos dermatológicos, que o Skincare e Haircare se tornaram uma filosofia de vida. Os ativos eram provenientes de renomadas indústrias multinacionais, com excelente qualidade, pureza e, ainda, eram acompanhados de estudos científicos comprovando a eficácia clínica (pasmem, mas nem todo ativo dermatológico tem estudo clínico - como o que acontece obrigatoriamente com medicamentos). 

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Uma classe de ativos dermatológicos da qual eu me tornei fã são os “Fatores de Crescimento”. Eles têm diversas aplicações, como para a cicatrização de feridas, rejuvenescimento da pele envelhecida e para o crescimento capilar. Quem é meu paciente, sabe bem do que estou falando, pois quase sempre os adiciono nas fórmulas personalizadas. Quem ainda não é, poderá encontrar facilmente sobre esse assunto nas minhas publicações nas redes sociais. 

 

Por acreditar tanto nesses ativos, e ver as minhas fórmulas cicatrizando feridas, melhorando o aspecto da pele envelhecida e estimulando o crescimento capilar, decidi estudá-los cientificamente. Por uma feliz coincidência do destino, fiz Mestrado e Doutorado na UNIFESP sobre Fatores de Crescimento na cicatrização de pacientes com queimadura. E, ainda, fiz uma Revisão Sistemática que evidenciou o poder cicatrizante de um fator de crescimento em específico. 

 

Como farmacêutica, nunca tive uma interação muito próxima com os pacientes. Eu tinha o feedback do médico ou da farmácia que manipulava as fórmulas. Mas eu sentia falta de acompanhá-los mais de perto, de ver o real efeito clínico das minhas fórmulas dia após dia. Foi assim que nasceu em mim o desejo de me tornar Médica Dermatologista. Pude perceber que a minha essência era a mesma desde criança: “a arte de curar”. 

 

Como sempre, o caminho nunca foi fácil. Eu trabalhava durante o dia, fazia cursinho pré-vestibular à noite e, toda segunda-feira à tarde eu era dispensada do trabalho para frequentar o Mestrado. Fiz cursinho durante 6 meses, estudava dia e noite, inclusive aos finais de semana. E para minha grande surpresa e alegria, lá estava eu na lista de aprovados em um dos cinco vestibulares que prestei!

 

Comecei a fazer Medicina no último ano do Mestrado. Quando eu estava no terceiro ano de Medicina, iniciei o Doutorado. Eu só estudava! A bolsa do Doutorado ajudou muito nas contas de casa. Ainda, comecei a dar aulas de Cosmetologia em cursos de Pós-Graduação em alguns finais de semana para ajudar nas contas e, também, para não deixar toda aquela minha bagagem de conhecimentos cair no esquecimento. 

 

Terminei a faculdade de Medicina e o Doutorado em 2020. E em 2021, iniciei meus estudos na tão sonhada Dermatologia. Sigo fazendo cursos extras para me manter sempre atualizada e preparada para atender meus pacientes. 

 

E aqui estou para te ajudar! 

Minha rotina se divide entre o meu consultório particular e os ambulatórios do SUS de Dermatologia clínica e Cirurgia Dermatológica.